Metodologia

 

A localização preferencial dos eléctrodos para a captação das ondas cerebrais é um tema controverso e em constante “actualização”, pois a difícil tarefa de cartografar o cérebro humano está longe de estar terminada.

“A localização por si só não é necessariamente informativa, excepto se tal localização implica o estudo de comportamentos e tira vantagem do conhecimento funcional da rede neural relativamente às emoções” (Allen & Kline, 2004)

De uma forma geral, e a partir de estudos realizados ao longo da última década (Chanel, ET AL., 2005) (Aftanas, ET AL., 2006) (Aftanas, ET AL., 2004) (Rusalova, ET AL., 2003) (Aftanas ET AL., 2004) (Ebrahimi, ET AL., 2003), observou-se que a indução de emoções produz, paralelamente a outras funções, padrões individuais e distintos na distribuição das características da amplitude e frequência das ondas cerebrais humanas. Estes padrões têm vindo a ser estudados e interpretados no sentido de localizar a probabilidade da ocorrência de uma maior actividade cerebral decorrente de uma indução emocional premeditada.

Segundo Aftanas (Aftanas, ET AL., 2002), a influência da indução emocional no comportamento da actividade cerebral está restringida à zona cortical posterior, e se essa mesma indução for com um elevado valor de excitamento, a influência é predominante na zona posterior direita do cérebro.

Um dos trabalhos desenvolvidos por Damásio (Damasio, 1994), a danificação de determinadas áreas do cérebro provoca alterações significativas, mais especificamente, a danificação dos córtices prefrontais ventromediais que comprometem de maneira consistente tanto o raciocínio/tomada de decisão como as emoções/sentimentos, especialmente no domínio pessoal e social.


Figura 1: Diagrama esquemático da localização de diversas áreas cerebrais



Um artigo publicado em 2006 (Aftanas ET AL.Chanel, G., & ET AL. (2005). Emotion Assessment: Arousal Evaluation using EEG's and Peripheral Physiological Signals. University of Geneva, Switzerland: Computer Science Department., 2006) descreve um estudo exaustivo sobre o efeito da indução de emoções na actividade cerebral humana e com a ajuda de um EEG com 62 eléctrodos registou os sinais captados. Desta forma, permitiu estudar separadamente cada zona do cérebro e o efeito resultante após a indução de estados emocionais distintos. Foram considerados seis estados emocionais distintos desde alegria até tristeza e a partir deste trabalho puderam-se retirar várias conclusões e definir de uma forma mais clara a localização cerebral onde a actividade eléctrica é mais activa aquando da indução de um estado emocional. Considerando a Figura 2 a seguir apresentada, estão representados diversos gráficos que indicam a variação da actividade cerebral após a indução de um estímulo emocional positivo no primeiro caso e negativo no segundo, comparativamente ao estado emocional neutro. O símbolo * indica uma diferença bastante significativa da actividade cerebral face ao estado neutro. Estão também representadas as zonas cerebrais consideradas no estudo, e identificadas segundo a mnemónica: Fp – Frontal Parietal, AT – Anterior Temporal, F – Frontal, FC – Frontal Central, C – Central, CP – Central Parietal, PT – Parietal Temporal, P – Parietal e O – Occipital.


Figura 2: Variação da actividade cerebral. Adaptada de (Aftanas L. I., Reva, Savotina, & Makhnev, 2006)



Devido às limitações do EEG no respeitante ao número de eléctrodos (três), é imprescindível determinar um ponto cuja localização esteja optimizada relativamente à variação da amplitude das ondas cerebrais quer na alegria quer na tristeza. Desta forma, e da observação dos gráficos acima representados, a zona FC – Frontal Central e C – Central são aquelas cuja variação da amplitude é mais significativa para ambos os estados emocionais.

Os resultados esperados devem assim demonstrar que, aquando da indução de um estado emocional positivo no sujeito - a alegria -, a actividade cerebral eléctrica terá uma variação positiva, e se a indução emocional corresponder a um estado de tristeza, então a variação será positiva se se considerar a onda Teta 2 , e negativa se a Beta 3 . Uma consulta atenta do estudo atrás referido (Aftanas L. I., Reva, Savotina, & Makhnev, 2006) e a observação de todos os gráficos permite inferir que as ondas Teta, Beta e Gama são de uma forma geral as que têm uma variação mais significativa após a indução de um estímulo emocional. Esta conclusão é mais tarde comprovada e apresentada no subcapítulo 6 e a partir dela foi elaborado um artigo científico (Teixeira & Vinhas, 2008) a apresentar na Conferência Internacional ICINCO.

Referências Bibliográficas:

- Aftanas, L. I., & ET AL. (2004). Analysis of Evoked EEG Synchronization and Desynchronization in Conditions of Emotional Activation in Humans: Temporal and Topographic Characteristics. Neuroscience and Behavioral Physiology, 34.

- Aftanas, L. I., & ET AL. (2006). Neurophysiological Correlates of Induced Discrete Emotions in Humans: An Individually Oriented Analysis. Neuroscience and Behavioral Physiology.

- Aftanas, L. I., & ET AL. (2002). Time-dependent cortical asymmetries induced by emotional arousal: EEG analysis of event-related synchronization and desynchronization on individually defined frequency bands. International Journal of Phychophysiology, (pp. 67-82, N 44).

- Allen, J. B., & Kline, J. P. (2004). Frontal EEG asymmetry, emotion, and phychopathology: the first, and the next 25 years. Biological Psychology, (pp. 1-5, Vol 67).

- Chanel, G., & ET AL. (2005). Emotion Assessment: Arousal Evaluation using EEG's and Peripheral Physiological Signals. University of Geneva, Switzerland: Computer Science Department.

- Damásio, A. R. (1994). Descartes error: Emotion, reason and human brain. Europa-América.

- Ebrahimi, T., & ET AL. (2003). Brain Computer Interface in Multimedia Communication. IEEE Signal Processing Magazine.

- Rusalova, M. N., & ET AL. (2003). Spatial Distribution of Coefficients of Asymmetry of Brain Bioelectrical Activity during the Experiencing of Negative Emotions.

- Teixeira, J., & Vinhas, V. (2008). Multichannel Emotion Assessment Framework: Positive and Negative Emotional Dichotomy.