Academia Politécnica do Porto




A Academia Politécnica do Porto foi criada em 13 de Janeiro de 1837 por Decreto de Passos Manuel, com o "fim de plantar no país as ciências industriais", e porque considerava "a populosa e rica cidade do Porto a localidade mais apropriada pelo seu extenso comércio e outras muitas circunstâncias".
Para além do acto de criação o Governo não deu o apoio necessário ao desenvolvimento da Academia Politécnica com os meios materiais capazes de assegurarem um ensino diversificado num número de cadeiras significativo e com o ensino teórico acompanhado de uma ampla confirmação prática.
Foi graças à grande dedicação, enorme espírito de sacrifício e excesso de boa vontade dos seus professores que foram superadas muitas deficiências institucionais. Em alguns momentos também foi importante e necessário o apoio da Cidade para a manutenção deste estabelecimento de ensino superior, que só muito tarde teve um edifício próprio.

O seu ensino sofreu várias reformas, sempre iniciadas pelo Conselho Académico, mas deformadas pelo legislador.

Na época em que o Prof. Adriano de Paiva reflectia sobre a aplicação do selénio à telescopia, esta escola superior formava engenheiros civis, directores de fábrica, agricultores, artistas e pilotos, e ministrava cursos preparatórios para as escolas militares, para a Escola Médico-Cirúrgica e para a Escola de Farmácia. O edifício, então intitulado Paço dos Estudos no Porto, estava ainda em construção.

A cadeira de Física (teórica e aplicada) que aquele professor ensinava no ano lectivo de 1877-1878 destinava-se a diversos cursos, pelo que tinha um carácter geral, envolvendo o estudo das principais partes da Física e seguindo um livro francês com grande divulgação e constante actualização, [J. Jamin; ÒPetit Traité de Physique à l'Usage des Établissements d'InstructionÓ, Paris 1870]. Como o curso procurava também estudar casos de física aplicada, eram estudados os telégrafos, sendo feita referência aos diversos tipos, inclusive aos telégrafos escreventes, aos telégrafos impressores e aos telégrafos autográficos.

A Academia Politécnica do Porto publicou uma revista - Anais Científicos da Academia Politécnica do Porto - onde em 1907 o Prof. A. Sousa Pinto apresentou um artigo em que reafirma a prioridade da ideia de aplicação do selénio na telescopia eléctrica na pessoa do Prof. Adriano de Paiva.

Em 8 de Outubro de 1897 surge um Decreto que cria o ensino da Electrotecnia na cadeira de Tecnologia Industrial do Curso de Engenheiros Civis Industriais.
O ensino da Electrotecnia continuou naquela cadeira até 1911, altura em que a Universidade do Porto foi criada, e o ensino dos cursos de engenharia passou durante quatro anos para uma Escola de Engenharia anexa à Faculdade de Ciências.

Depois os cursos de engenharia electrotécnica passaram a ser ministrados pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) .



Manuel Vaz Guedes
Setembro-1998