Projecto, Seminário ou Trabalho de Fim de Curso 2001/2002

 

                                                       

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Estudos do Vento

Construção do Parque

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Estudos Económicos

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Exploração

Conclusão
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     Escolha da localização do Parque Eólico

 

          A exploração da energia cinética do vento para produção de electricidade está sujeita a vários condicionalismos relativos à localização dos equipamentos de conversão, nomeadamente, possibilidade de ligação à rede de distribuição de energia eléctrica em condições económicas, disponibilidade de ventos com os regimes e velocidade média que permitam a obtenção de rentabilidade adequada, condições orográficas e morfológicas não perturbadoras.

          Numa primeira fase faz-se a identificação do terreno no qual se quer implantar o parque eólico. Esta identificação tem como base o reconhecimento do terreno, se é baldio ou não, a disposição dos ventos e a pertença do terreno. Na observação directa da natureza pode-se idealizar uma possível localização de um parque eólico. a localização de um parque eólico é, provavelmente, o factor mais importante para a economia do projecto.

          A natureza do solo é um factor a considerar uma vez que este terá de permitir a realização das fundações para as turbinas. O local deverá ainda permitir o acesso de camiões e/ou gruas com o material necessário para a construção do Parque.

          A aquisição dos terrenos é feita na Câmara Municipal ou na Junta de freguesia à qual o terreno pertence, caso haja omissão sobre o proprietário do mesmo.

          Em seguida, solicitam-se as licenças de estabelecimento e de exploração do parque na Direcção Geral de Energia. A licença de estabelecimento permite iniciar os trabalhos de instalação. Assim que as obras estejam concluídas, o explorador deverá, segundo o Artº.41º e seguintes do Regulamento aprovado pelo Decreto-Lei nº 26852, de 30 de Julho de 1936 e outros, requerer a respectiva vistoria, em carta dirigida ao Director Regional do Ministério da Economia, a fim de ser autorizada a sua exploração.

Estudos do vento

 

O estudo do potencial existente no vento é um factor muito importante para a construção de um parque eólico. Isto porque, dá-nos a informação que necessitamos para saber se a sua construção se torna viável ou não.

As características topográficas dos terrenos, os acidentes naturais da paisagem envolvente e obstáculos mais próximos, constituem dados básicos para o cálculo do regime dos ventos em locais não muito distantes das estações meteorológicas. Através das informações geográficas do local posto à prova na área vizinha do ponto de medição, e as suas coordenadas, permitem calcular a velocidade média anual do vento no local. Tendo em consideração as características das máquinas, curva de potência, e o regime dos ventos é possível calcular a produção esperada para cada aerogerador.

A rosa dos ventos permite obter a informação sobre as distribuições de velocidade e frequência da variação das direcções do vento. Esta pode ser desenhada a partir de observações meteorológicas das velocidades  e direcções do vento.

O raio de cada uma das fatias exteriores indica a frequência relativa de cada uma das 12 direcções do vento. As fatias intermédias indicam, também, a frequência relativa. Mas neste caso, é necessário multiplicar o raio das fatias pela média da velocidade do vento em cada direcção particular.

Desta forma a observação da rosa dos ventos é extremamente útil para a localização dos aerogeradores. Grande parte da energia do vento vem de uma determinada direcção, assim nestes estudos, convém que a paisagem tenha o menor número de obstáculos. A rugosidade do terreno tem uma grande influência no estudo de um parque eólico, uma vez que está intimamente relacionada com a perda de velocidade do vento, ou seja com o cisalhamento do vento. Assim, quanto mais plano for o terreno e quanto menor for o número de obstáculos, melhor.

As áreas com superfícies muito acidentadas dão origem ao aparecimento de muitas turbulências, com fluxos de ar muito irregulares e remoinhos. As turbulências causam perdas no aproveitamento da energia eólica, uma vez que estas provocam não só o desgaste, como a ruptura da turbina eólica. Desta forma, para diminuir o impacto causado pelas turbulências colocam-se torres com alturas suficientes, em relação ao solo, para que a utilização da energia eólica se faça da melhor forma possível.

Para evitar perdas da energia do vento, causadas pelas turbulências, colocam-se as turbinas separadas umas das outras com uma distância mínima de três vezes o diâmetro do rotor. Em geral, a separação dos aerogeradores de um parque eólico, é de 5 a 9 diâmetros do rotor na direcção dos ventos dominantes e de 3 a 5 na direcção perpendicular à dos ventos dominantes.

O estudo da velocidade do vento e direcção é feito através de um anemómetro. O anemómetro mais usual é o tipo taça. Este é composto por um eixo vertical, três taças que capturam o vento e por um cata-vento para detectar a direcção do mesmo. O anemómetro deve ser colocado num mastro a uma altura correspondente à futura instalação da turbina eólica. O número de rotações por minuto e a direcção do anemómetro é registado electronicamente. O registo é feito através de um chip electrónico que transmite posteriormente essa informação a um computador.

A velocidade do vento está em constante flutuação, pelo que o conteúdo energético varia continuamente. A amplitude dessas flutuações dependem tanto das condições climáticas como das condições da superfície e dos obstáculos existentes, como mensionado. Normalmente o vento sopra mais durante o dia do que durante a noite. Esta variação deve-se às diferenças de temperatura entre a superfície terrestre e do mar, devido ao facto de serem mais elevadas durante o dia. Isto torna-se vantajoso, na medida em que os consumos de energia são mais elevados durante o dia, e assim as companhias pagam mais durante as horas de picos de carga.

Os modelos eólicos assim como os conteúdos energéticos podem variar de ano para ano, pelo que, torna-se importante obter informações das observações de vários anos para ter-se uma média mais credível.

Um dos melhores locais para a construção de um parque eólico é no cimo das colinas. Estes locais são os mais vantajosos, na medida em que, em termos de paisagem são mais livres na direcção do vento dominante, permitindo assim, velocidades superiores às das áreas circundantes. Isto porque, o vento é comprimido contra a montanha, subindo até ao cimo da colina, e uma vez alcançado o ar pode expandir-se pelo lado sotavento da colina. Este facto pode tornar-se desvantajoso e no caso da montanha ser muito irregular pode provocar o aparecimento de turbulência no vento.

Os mapas orográficos facilitam o estudo da localização das turbinas, na medida em que indicam a altura relativa do terreno em causa. Para complementar todo o estudo do vento existem, ainda, os mapas energéticos da zona, que permitem obter as curvas de nível do terreno, o mapa topográfico da área e as curvas da intensidade do vento do local.

Em geral, os projectistas de parques eólicos recorrem a medições realizadas durante um ano, e utilizam observações meteorológicas a longo prazo.

A avaliação dos recursos eólicos, do projecto em causa, foi recrutada no INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial. Este executa uma série de trabalhos de medição, e posterior caracterização, do regime do vento e potêncial eólico disponível na área em estudo. Para tal, foi instalada uma estação meteorológica, identificada através de uma referência directa ao marco geodésico mais próximo da respectiva área. Com o intuito de obter melhores resultados, em toda a zona montanhosa, instalou-se outra estação meteorológica.

A estação meteorológica, em causa, é constituída pelo equipamento de medida e registo, e pela respectiva torre de suporte. A torre de suporte tem 40 metros de altura, é metálica, de treliça, e espiada. Quanto ao equipamento fazem parte do conjunto dois anemómetros, dois sensores de direcção ou cata-ventos e um datalogger, sistema central de aquisição e registo dos dados em unidades, ou chips, de memória. O sistema permite a medição da velocidade e direcção do vento, em intervalos de 2 segundos. Estes registos são armazenados sob a forma de médias de 10 minutos, podendo determinar-se, para cada intervalo, o desvio padrão da velocidade e a rajada máxima, do local em causa. Apesar da estação ser instrumentada com sensores, um par anemómetro/sensor de direcção, a 40 metros acima do nível do solo e outro a 10 metros acima do nível do solo, apenas é determinado o desvio de padrão e a rajada máxima para a maior altura.

Dada a maior altura que os aerogeradores vêm apresentando, é cada vez mais importante a existência de medições de velocidade a duas alturas distintas. Estas permitem avaliar a evolução do perfil vertical de velocidades. Torna-se cada vez mais importante que através de medições a duas alturas do nível do solo seja possível estimar os valores esperados a alturas superiores a essas.

O perfil vertical de velocidades pode ser expresso da seguinte forma:

V2 = V1 ( h2 / h1 )p

O expoente p, também designado por shear factor, varia com a natureza do terreno. Para terrenos planos, o valor típico de p é de 1/7, diminuindo com o aumento da complexidade.

A avaliação de recursos eólicos permite, para além das descrições das campanhas de medição e a análise dos seus resultados, a apresentação da distribuição do potencial esperado para a área, como também face a uma informação actual, estudar e analisar as performances esperadas para a configuração preliminar de um parque de aerogeradores.