Resenha Histórica

“A saúde não depende do êxito isolado de um factor de equilíbrio quer este seja de natureza biológica, psicológica ou sociocultural, mas sim da sua recíproca capacidade vicariante e da plasticidade e adequação da resposta dos mecanismos de defesa pessoais, sociais, culturais.”

J. D. Cordeiro

 

Introdução

Definicão

Entrevistas

Frederic Chopin, um caso Psicossomático?

Conclusão

Anexos

Opinião

Créditos e Bibliografia

 

 

Resenha Histórica
De onde vem a Psicossomática?


A relação entre o corpo e a mente sempre foi um tópico gerador de controvérsia entre filósofos, fisiologistas e psicólogos. Na cultura ocidental tem sido difícil encarar mente e corpo como um só e principalmente depois do surgimento da física durante Renascimento, a ideia de que a mente influencia o corpo começou a ser vista como uma ideia em nada científica. A compreensão da alma e da mente foi relegada para áreas como a religião e a filosofia, perpetuando ainda mais a visão dualista entre a psyche e o soma.
A partir do séc. VI a.C. iniciou-se o grande debate acerca da relação alma-corpo. Desde a Grécia Antiga, passando pela Idade Média, até ao séc. XVII, a postura tomada era holística, ou seja, optava-se por uma conceptualização, tomando a mente e o corpo como um todo, que não se podia separar.
No séc. XVII, Rène Descartes tornou-se o filósofo que mais influenciou e abordou a problemática mente-corpo, assumindo uma posição dualista, que oponha e separava completamente uma entidade da outra, sem no entanto negar a sua interacção. Esta posição acabou por influenciar a medicina, ao considerar que esta apenas se deveria ocupar do corpo. Para este reducionismo contribuíram também os avanços da Biologia durante o séc. XIX com Virchow, Pasteur e Koch ao descobrirem que certos microorganismos eram responsáveis por certas doenças.
Em 1859 há um momento de viragem com Claude Bernard que foi o primeiro fisiologista a dar importância aos factores psicológicos nas doenças “puramente” físicas. Introduziu o conceito de meio interno, o qual exigia uma estabilidade essencial para a vida, conceptualizando a doença como uma perturbação dos mecanismos que mantêm esta estabilidade. Claude Bernard veio de novo valorizar a visão holística do ser humano. Posteriormente, Sigmund Freud teve também um papel muito importante no que diz respeito à interacção entre factores físicos e psicológicos, nos diversos distúrbios, nomeadamente com a introdução dos seus métodos de tratamento das histerias (hipnose). Os seus métodos foram reforçados pelos desenvolvimentos da psicobiologia do psiquiatra americano Adolf Meyer e pelas pesquisas de W. B. Cannon.
A Psicossomática começou no séc. XX e tornou-se extremamente importante na área da medicina, acompanhando assim o crescente interesse por tratar os pacientes como um todo.
Mais recentemente, a medicina adoptou uma abordagem holística do ser humano, considerando que tanto factores físicos como psicológicos são importantes na conceptualização da doença, não negando a influência que o estado de saúde do corpo tem sobre o psiquismo ou vice-versa.
Na verdade, hoje considera-se que a mente e o corpo não são entidades independentes, mas o indivíduo deverá ser encarado como um todo que interage no meio físico e social em que está inserido, ou seja, deve ser visto como um ser biopsicossocial.