Guitarra - Filipe Lencastre | |
Carlos Paredes | |
Nascido
em 1925, em Coimbra, Carlos Paredes é o continuador de uma tradição
familiar de tocadores da guitarra portuguesa. Tanto o seu pai, Artur Paredes,
como o seu avô, Gonçalo Paredes, foram intérpretes
inovadores desse instrumento. Muito jovem, Carlos Paredes foi para Lisboa, onde fez estudos liceais e musicais. Desde os começos da década de 60 destacou-se como intérprete do chamado estilo de Coimbra, criado por seu pai, ficando também o seu nome ligado ao novo cinema nacional, que encontrou no som da guitarra o suporte para cimentar o seu carácter português. |
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Conseguindo
dar ao seu instrumento uma nova dimensão sonora, Carlos Paredes
escreveu música para filmes e para o teatro. Algumas das suas obras
foram coreografadas. Tem dado concertos nos cinco continentes e recebeu
já vários prémios da crítica, alcançando
um prestígio inigualado por outros instrumentistas da guitarra.
Ele próprio reconhece a sua "propensão para o virtuosismo
e o melodismo de sugestão violinística". Deve-se-lhe,
não apenas o aperfeiçoamento estrutural da guitarra portuguesa,
mas também a criação da guitarra-baixo. Entre os
álbuns que gravou, encontram-se Carlos Paredes (1957), o seu álbum
de estreia, Guitarra Portuguesa (1967), Movimento Perpétuo (1972),
Concerto em Frankfurt (1983, reeditado em CD em 1990) e Espelho de Sons
(1988). Além do seu trabalho como músico, realizou ainda
a produção e direcção musical do disco Meus
Pais (1970), de Cecília de Melo, acompanhando a cantora à
guitarra e musicou poemas de Manuel Alegre, ditos pelo próprio,
no disco É Preciso Um País (1975). |
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Nesta
altura, o cantor realizava as gravações do sucessor de Movimento
Perpétuo. As sessões foram interrompidas e retomadas diversas
vezes, dada a insatisfação do músico com o trabalho
conseguido. Dessas sessões acabou por nunca resultar um disco,
apenas algumas faixas foram editadas, sob o título O Oiro e o Trigo
(1977), edição consentida por Carlos Paredes mas sem o acordo
da sua editora, a Valentim de Carvalho. Esta situação esteve
na base da ruptura entre o músico e a editora. Em Invenções Livres (1986), o músico colaborou com o maestro António Vitorino d'Almeida, num trabalho ainda hoje muito saudado pela crítica clássica, um disco de improvisações de guitarra portuguesa e piano.Também no domínio das parcerias, surgiu, em 1990, Dialogues, um disco que juntou o mestre da guitarra portuguesa ao contrabaixista Charlie Haden, nome consagrado no mundo do jazz. |
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A
ligação com a Valentim de Carvalho é retomada no
final de 1990. A editora lança, em 1993, uma compilação
temática com gravações do guitarrista, de José
Afonso e Luiz Goes. No final desse ano, o mestre fica refém de
uma mielopatia, que lhe prende os movimentos e o afasta do seu trabalho
e da guitarra que sempre o acompanhou. Na Corrente, saído para as lojas em 1996, reuniu todo o trabalho do músico na Valentim de Carvalho, antes da separação, e ainda algumas raridades. Quatro anos mais tarde é lançado o último registo discográfico do músico, aproveitando o trabalho das últimas sessões de gravação que realizou em 1993, já limitado pela doença. Intitulado Canções Para Titi, o disco contém oito composições inéditas. |
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No
ano de 2003, homenageando os 10 anos de retiro do cantor, é lançada
uma edição de luxo, com oito CDs e um livro com uma biografia
do músico, com o título O Mundo Segundo Carlos Paredes.
Nos últimos anos, Carlos Paredes manteve-se afastado da actividade
artística por motivos de saúde. Faleceu a 23 de Julho de
2004. |
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