A informação na área da biodiversidade é suportada em classificações taxonómicas estabelecidas e a sua gestão é actualmente baseada em sistemas informáticos. Os repositórios mais extensos são bases de dados de grandes dimensões que reúnem informação científica e técnica sobre espécies e os seus exemplares. Para além destes usos centrados na investigação, a Informática de Biodiversidade pode ser muito útil no apoio à gestão de sítios naturais.

Este trabalho propõe a criação de uma solução inovadora para a gestão de informação de um espaço botânico. Neste contexto foi avaliada a utilidade de ferramentas de geo-referenciação e de identificação física de objectos, integrando-as numa base de dados espacial.

As tecnologias de identificação física permitem um registo rigoroso dos exemplares de um sítio natural, associando a cada um uma ligação à sua informação no sistema. Esta identificação pode assumir diversas formas, desde etiquetas electrónicas a códigos de barras. O método de identificação escolhido foi o QR code, uma norma de códigos de barras a duas dimensões. Este é um método apropriado tanto para utilizadores casuais como para profissionais, permitindo-lhes aceder e actualizar informação relevante através de dispositivos móveis, podendo ser utilizado ao ar livre de forma simples.

A geo-referenciação é natural em sistemas de informação de biodiversidade, uma vez que permite tirar partido do conhecimento da localização dos exemplares no espaço físico. Neste trabalho adoptou-se a base de dados espacial PostGIS para representação da informação. A utilização da API da aplicação de visualização geográfica Google Maps facilita a introdução de dados georeferenciados e o seu uso na interrogação e na apresentação.

Este trabalho mostra que a integração de funcionalidades de geo-referenciação e de identificação física de objectos, combinadas com tecnologias correntes de bases de dados e de visualização, permite criar sistemas eficazes para gerir a colecção de exemplares de um sítio natural e interagir com os seus funcionários, com os visitantes e com a comunidade científica.

O sistema de informação desenvolvido inclui uma base de dados espacial e uma aplicação Web que disponibiliza informação sobre os exemplares botânicos recorrendo às funcionalidades referidas. Estas ferramentas são apoiadas por aplicações de visualização de informação geográfica e conteúdos para dispositivos móveis, fornecendo serviços a diversos tipos de utilizadores.

A colecção de dados recolhida num sítio natural tem potencial para exploração científica, e neste sentido decidiu-se utilizar a norma de biodiversidade Darwin Core para facilitar a partilha de informação entre organizações. No sistema desenvolvido é possível exportar conjuntos de dados neste formato normalizado, para análise externa ou integração com outras iniciativas.

Para apoiar o desenvolvimento da aplicação e como avaliação preliminar das suas funcionalidades, foi usado o caso dos jardins da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde está em curso uma acção de valorização paisagística.

O conjunto de ferramentas utilizadas deu origem a funcionalidades úteis e capazes de criar novos serviços nos espaços considerados. O resultado do projecto é um sistema flexível que se espera poder vir a aplicar a outros espaços naturais.

 
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