Testes de Co-incineração em Souselas

 

Vão começar os testes de co-incineração.

Numa fase inicial serão efectuadas medidas da composição dos gases da chaminé laborando com um combustível normal.

Progressivamente quantidades crescentes de combustível alternativo contendo Resíduos Industriais Perigosos (RIP) serão introduzidos no forno ao mesmo tempo que se retiram amostras para análise e se determina a composição do combustível, partículas do despoeirador, farinha, clinquer e dos gases da chaminé.

Serão analisados:

 

Constituição e preparação dos resíduos

Os resíduos destinados à co-incineração são substâncias muito diversas, geralmente com algum poder calorífico, para as quais não é viável realizar formas alternativas de tratamento tais como a reutilização ou reciclagem.

Para que a destruição seja eficiente é necessário que os fornos trabalhem em condições estáveis, o que exige que os diferentes resíduos sejam homogeneizados e geralmente misturados com serrim. Obtém-se assim o chamado Combustível Alternativo que pode ser transportado e armazenado sem os riscos inerentes a muitos produtos orgânicos voláteis.

Segundo as recomendações da CCI os Resíduos Industriais Perigosos devem ser sempre introduzidos no forno na zona de maior temperatura, junto ao queimador principal. Aí a elevada temperatura de chama (cerca de 2000ºC) e o longo percurso a alta temperatura (6-7 s) vão permitir destruir todas as substâncias orgânicas produzindo gases idênticos ao de qualquer combustão (anidrido carbónico, vapor de água...).

Os fornos de cimenteiras são controlados de forma contínua. Uma situação de instabilidade origina que os 25%, máximo autorizado de combustível alternativo, sejam automaticamente cortados, ficando o forno a funcionar apenas com combustível normal.

 

Que indicação fornecem os testes?

Sendo muito diversos os resíduos co-incineráveis, como sabemos que não virão a surgir problemas quando for tratado um resíduo de composição diferente do usado no teste? Existe uma tabela onde se encontram indicados por ordem decrescente de dificuldade de destruição um grande número de substâncias orgânicas. A destruição eficiente de uma dessas substancias "difíceis" é assim a garantia acrescida de um elevado grau de destruição (mais de 99,99%) de todas as outras em situação inferior na tabela.

 

Garantias do processo

Se a tecnologia disponível se mostrar adequada será depois necessário garantir que não entram para o forno substâncias "proibidas" e que este não opera em condições de instabilidade.

A identificação prévia dos resíduos contratados para tratamento, análises químicas à entrada da plataforma de preparação do combustível alternativo, monitorização em contínuo das condições de laboração e análises químicas periódicas dos gases da chaminé, para além do rastreio ambiental feito por várias estações, e do estudo epidemiológico, são algumas das garantias de que o processo não vai ser nocivo nem para o Ambiente nem para a Saúde Pública.

O estudo epidemiológico será realizado durante um período de 3 anos e permitirá prevenir, como segurança adicional, qualquer alteração da saúde das populações. Os Testes de Co-incineração decorrerão durante um tempo muito curto, pelo que não terão qualquer efeito mensurável na linha de base do estudo. Neste sentido os testes de queima e o estudo epidemiológico não são incompatíveis.

Através de uma acção directa de fiscalização constante de todo o processo a CCI procurará garantir, não só na fase de testes como durante o funcionamento normal da co-incineração, com total transparência, que efectivamente as boas práticas industriais serão permanentemente respeitadas. Através das Comissões de Acompanhamento Local (CAL) as autarquias e populações poderão acompanhar de forma informada e interventiva todo o processo.

Para mais informações consultar o Anexo Técnico e a página de internet da CCI - www.incineracao.online.pt

CCI - Comissão Científica Independente

 


 

.:: ANEXO TÉCNICO ::.

Mini-Teste de co-incineração no forno 2 da CIMPOR em Souselas

 

Objectivos

Estas experiências têm por finalidade avaliar a capacidade de queima de Resíduos Industriais Perigosos (RIP) pelos fornos de uma cimenteira e adquirir experiência na queima de RIP misturados com serrim (combustível Alternativo - CA) através de um Mini-Teste, de modo a poder implementar no futuro um Teste definitivo de avaliação no forno 3 da CIMPOR antes de dar autorização para a utilização deste forno na destruição de continuada de RIP em Souselas.

 

Parâmetros a determinar

O mini-teste será constituído por medições em contínuo de concentrações e parâmetros e pela recolha contínua, ou periódica, de amostras para análise posterior em Laboratórios reconhecidos e independentes. A medição em contínuo e a recolha de amostras na chaminé, assim como a análise posterior de concentrações de compostos orgânicos será efectuada pela empresa alemã ERGO. A recolha de amostras sólidas de clinquer, pó de cimento, combustível e farinha será efectuada sob a supervisão do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento - IDAD. As amostras sólidas serão analisadas quanto ao poder calorífico, elementos vestigiais, etc., pela SGS - Laboratoires Wolff Environment, em França.

Na chaminé serão medidos os seguintes poluentes:

1. Dioxinas/furanos
2. Hidrocarbonetos Poli Aromáticos
3. Poli Cloro Bifenis
4. HCl
5. HF
6. SO2
7. NOx
8. CO
9. Carbono Orgânico Total
10. Elementos Vestigiais (Cd, Tl, Hg, Sb, As, Pb, Cr, Co, Cu, Mn, Ni, V, Be, Se, Sn, Te, Zn)

Durante o processo de medição e amostragem na chaminé poderão ser efectuadas colheitas de farinha, pet-coque, CA, partículas do despoeirador. As amostragens serão realizadas durante períodos de 8 horas, (para acompanhar as medições nas chaminés) com a seguinte frequência:

1. farinha- colheitas de hora a hora, 0,5 kg cada vez
2. pet-coque- colheitas de hora a hora, 0,5 kg cada vez
3. clinquer- colheitas de hora a hora, 1 kg cada vez
4. partículas do despoeirador- colheitas de hora a hora, 0,5 kg cada vez. Serão recolhidos dois tipos de amostra: com e sem o moinho a funcionar.

O clinquer, a farinha e as partículas do despoeirador serão analisadas quanto ao seu conteúdo em:

1. Dioxinas/furanos
2. Hidrocarbonetos Poli Aromáticos
3. Poli Cloro Bifenis
4. Elementos Vestigiais (Cd, Tl, Hg, Sb, As, Pb, Cr, Co, Cu, Mn, Ni, V, Be, Se, Sn, Te, Zn)
5. CaO, SiO2, Al2O3, K2O, Na2O, Stotal, Cltotal.

O pet-coque e o Combustível Alternativo serão analisados quanto à sua composição nos constituintes:

1. Dioxinas/furanos
2. Hidrocarbonetos Poli Aromáticos
3. Poli Cloro Bifenis
4. Elementos Vestigiais (Cd, Tl, Hg, Sb, As, Pb, Cr, Co, Cu, Mn, Ni, V, Be, Se, Sn, Te, Zn)
5. C, H, N, O, Stotal, Cltotal
6. poder calorífico, água, cinzas.

 

Programas de trabalhos

1. DIA -1: Instalação do equipamento de amostragem na chaminé. Reunião geral com os intervenientes no mini-teste (CIMPOR, CCI, ERGO, IDAD) para discussão e afinação de detalhes dos processos da operação.

2. DIA 0: Medições em branco, com o forno a queimar combustível normal (pet-coque): determinações na chaminé e colheita durante 8 horas de amostras de clinquer, farinha, partículas do despoeirador e pet-coque.

3. DIA 1: Início da queima de Combustível Alternativo. Durante este primeiro dia serão queimados 0,5 ton CA por hora. Não serão feitas colheitas nem análises.

4. DIA 2: Continuação da queima de Combustível Alternativo a um caudal de 1,0 ton CA por hora. Medição na chaminé.

5. DIA 3: Continuação da queima de Combustível Alternativo a um caudal de 1,5 ton CA por hora. Medição na chaminé.

6. DIA 4: Continuação da queima de Combustível Alternativo a um caudal de 2,0 ton CA por hora. Medição na chaminé.

7. DIAS 5-6: Obtenção do estado estacionário. Queima de Combustível Alternativo a um caudal de 2,0 ton CA por hora. Medição na chaminé e colheita de amostras de clinquer, farinha, partículas do despoeirador, Combustível Alternativo e pet-coque.

8. DIA 8: FIM do Mini-Teste. Caudal de Combustível Alternativo 0 ton CA por hora.