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Curiosidades
históricas da
codificação para controlo de erros
Aos poucos irei acrescentando
aqui curiosidades interessantes do mundo dos códigos correctores de erros.
| “Damn it, if the
machine can detect an error, why can’t it locate the position of the
error and correct it?” -
desabafo de Richard Hamming (fins dos anos 40 do século passado). Em
duas segundas-feiras seguidas aconteceu a Hamming que o programa que
tinha deixado a correr durante o fim-de-semana no computador dos
Laboratórios Bell, onde trabalhava, tinha parado ou encravado devido a
erros. |
Tão aborrecido ficou com estas perdas de
tempo que... inventou os códigos correctores de erros agora conhecidos
pelo seu nome. O de menores dimensões, (7,4), até parece uma nave espacial
nesta representação com gráfico de factores:
| Em 1947, dois anos antes de Marcel
Golay ter publicado o seu código, a revista finlandesa de apostas
desportivas Veikkaaja apresentava um artigo com um método de apostar no
"Totobola" da Finlândia que era nem mais nem menos que o código de Golay
ternário corrector de erros duplos (11, 6). Claro que o autor, J.
Virtakkalio, não sonhava com códigos correctores de erros quando pensou
no Totobola! |
| O termo "síndrome" é devido a D. W.
Hagelbarger (1959). |
| Foi David Slepian
quem em 1956 apresentou a
matriz padrão pela primeira vez.
O mesmo Slepian tocava oboé como músico amador. |
| A tese de doutoramento de Robert
Gallager (MIT, 1962) foi supervisionada por Peter Elias, o inventor dos
códigos convolucionais em 1955. Quem também reviu a tese? Fano e
Wozencraft. Gente grande! |
| Irving Reed, co-autor dos códigos de
Reed-Muller e Reed-Solomon, ainda andava no Ensino Secundário e já
frequentava aulas na Universidade de Fairbanks, no Alasca, onde vivia
então. |
| A Identidade de MacWilliams
surgiu na tese de doutoramento da matemática inglesa Jessie MacWilliams
em Harvard, em 1962, tinha ela 45 anos. Uma filha estudava em Harvard
nessa mesma altura. |
| O primeiro aparecimento da palavra "survivor"
na descodificação convolucional deve-se a Andrew Viterbi, naturalmente.
No seu famoso artigo
de 1967 (porquê famoso, já agora?!), pode ler-se:
"Let the path corresponding
to the greatest likelihood function in each comparison be denoted the
survivor." |
| As treliças ("trellises") -
quer o termo quer o gráfico - foram usadas pela primeira vez por Dave Forney,
Jr. também em 1967,
num relatório final de projecto com a NASA (ver
ref. [62]), ao analisar e descrever o algoritmo de Viterbi. Ou seja,
o próprio Viterbi não usou treliças no
artigo em
que apresentou o seu algoritmo, uns meses antes, como se pode comprovar
ao lê-lo. Mas o algoritmo explica-se muito melhor com treliças, como
muito bem fez Forney... este mesmo: |
Trinta e oito anos depois, em Março de 2005, Dave
Forney fez um
pequeno levantamento sobre as aplicações do algoritmo de Viterbi e
concluiu que nas revistas do IEEE a maior parte das referências mais
recentes ao algoritmo surgem... onde...? Nas Transactions on
Communications? Não, nas Transactions on Pattern Analysis and
Machine Intelligence e Systems, Man and Cybernetics! Além das
suas múltiplas aplicações em telecomunicações (onde? pegue no seu
telemóvel...), hoje em dia o algoritmo também é aplicado em áreas tão
díspares como o reconhecimento de voz e a bioinformática
(no processamento de sequências de ADN).
Dos códigos convolucionais ao ADN: mas que caminho!
Que percurso sobrevivente!
| Ainda a propósito de Viterbi: o seu algoritmo
mereceu-lhe mais um prémio, a medalha Benjamin Franklin de 2005,
atribuída pelo Franklin Institute de Filadélfia, "one of the United
States' oldest centers of science education and development". (veja
aqui a notícia). |
| Foi Jim Massey quem deu o nome aos
códigos catastróficos e à distância livre.
Sempre simpático, aqui está ele há uns bons anos atrás: |
| Quando a sonda espacial Voyager foi
lançada pela NASA em 1977 não havia descodificadores de Reed-Solomon (RS)
adequados. Só perto de Urano, em 1986, quando a tecnologia e a evolução
dos algoritmos finalmente permitiram construir um codificador RS (255,
223) em Terra, é que a sonda passou a usar o codificador RS que levara
(até então teve de usar um codificador de Golay). |
| Gottfried Ungerboeck, da Áustria, é
conhecido por ter inventado o importante método TCM ("trellis coded
modulation"). Poucos saberão que uns dez anos antes, na sua tese de
doutoramento (1971), ele aplicara os algoritmos da soma-e-produto e "min-sum"
em igualização não linear. Precursor, sem dúvida... |
| Não se contava com isso mas a verdade
é que em 25 de Maio de 1993 uma revolução foi anunciada em Genebra (clique
na imagem abaixo para a ver maior. Ora procure a apresentação 44.3!). |
| "Procedé
de codage correcteur d'erreurs à au moins deux codages convolutifs
systématiques parallèles, procedé de décodage iteratif, module de
décodage et decodeur correspondants":
o que parece ser isto? É o título da patente francesa
nº FR-9 105 280 (turbo-códigos). Quer ver a
patente americana? Então vá até
aqui... |
|
Olha quem fala!! |
“Turbo codes
[...] are one of the most exciting and potentially important
developments in coding theory in many years”
S. Benedetto, D. Divsalar
e J. Hagenauer, IEEE Journal
on Selected Areas in Communications, Fev.
1998
Acertaram em cheio.
| Outra frase, esta sobre os códigos
LDPC: |
“If the art
of simulation had been more advanced in 1963, the history of coding
theory might look very different today”
A. R.
Calderbank, “The Art of Signaling: fifty years of coding theory”, IEEE
Trans. Information Theory, Oct. 1998.
| Peter Elias morreu em 2001 aos 78
anos da doença de Kreutzfeld-Jacob, a variante humana da "doença das
vacas loucas". |
| Claude Shannon morreu em 2001 aos 85
anos com a doença de Alzheimer. Elias, Shannon... |
|
Frases mais ou
menos célebres
“Deep-space
communication and coding: a marriage made in heaven”
J. L.
Massey, Lecture Notes on Control and Information Sciences 82, J.
Hagenauer (ed.), Bonn, Germany, Springer-Verlag, 1992.
“All codes are good,
except those that we know of”
Anónimo (que
eu saiba)
“Never discard
information prematurely that may be useful in making a decision until
after all decisions related to that information have been completed”
A. J.
Viterbi, “Wireless Digital Communication: a View Based on Three Lessons
Learned”, IEEE Communications Magazine, Sept. 1991. |
Página inicial Alterado em:
12-09-05.
© Sílvio Abrantes 2005 |