E depois do Plano de Recuperação e Resiliência ?

12 de Julho de 2021
Organização e moderação: José Silva Matos
Oradores: Luís Valente de Oliveira, Eduardo de Oliveira Fernandes, Luís Braga da Cruz, Joaquim Poças Martins

 

A última sessão desta primeira série de Seminários de Engenharia e Políticas Públicas na FEUP reúne um conjunto de convidados muito especiais. Trata-se de pessoas da FEUP que, para além de experiências académicas e profissionais muito ricas, têm em comum o facto de terem desempenhado cargos governamentais e assumido responsabilidades significativas naquilo que constitui o tema de fundo destes Seminários: os processos de decisão na interseção entre a Engenharia e as Políticas Públicas.
O tema escolhido para esta última sessão é o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Pedimos aos nossos convidados que nos falem sobre o que falta e sobre o que os desapontou neste plano, mas também sobre o que vêem nele que possa constituir motivo de esperança e que possa levar a esperar bons resultados da sua implementação. Pedimos-lhes, adicionalmente, que incluíssem, nas suas intervenções, a sua visão sobre o “depois do PRR”. Sobre o que interessa que venha seguir, e sobre medidas que possam levar a ultrapassar limitações e constrangimentos que nos têm afetado como Povo e como País. Como é natural, o papel da Engenharia e dos Engenheiros neste processo não deixará de estar presente nesta discussão.

A governança da floresta e do risco de incêndio em Portugal

5 de Julho de 2021
Organização e moderação: João Claro
Oradores: Fernando Oliveira Baptista (Professor Aposentado, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa) Mafalda Evangelista (Head of Sustainability Knowledge, BCSD Portugal), Tiago Martins de Oliveira (Presidente do Conselho Diretivo, Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais)

As florestas desempenham papéis muito importantes para a sociedade, a cultura, a economia e o ambiente. Produzem bens e serviços essenciais à economia, ao rendimento das famílias, mas também a toda a sociedade. São assim sistemas onde natureza e pessoas convergem e interagem de forma muito complexa, sendo que o equilíbrio nessas interações é critico no caso de Portugal, uma vez que 85% da propriedade é privada e 12% comunitária, com o Estado a deter apenas 3%.
As mudanças significativas, e a multiplicidade de interações entre as condições e processos associados às florestas, em todas aquelas esferas levantam desafios consideráveis à sua governança, e em particular à governança dos riscos que lhe estão associados, entre os quais os incêndios figuram de modo proeminente.
Neste painel debater-se-ão estes desafios, com destaque dado ao papel do Estado na governança do recurso florestal e às capacidades que deve desenvolver para desempenhar adequadamente essa função. Discutir-se-ão défices e desafios de governança, com atenção especial à crescente procura e oferta de bens e serviços gerados nos espaços arborizados e de matos, enquanto veículo financeiro de instrumentos de mitigação das alterações climáticas.

Engenharia e políticas públicas na Economia Circular

28 de Junho de 2021
Organização e moderação: Maria Lurdes Lopes
Oradores: Aires Pereira (Presidente da C M Póvoa do Varzim/Presidente do Conselho de Administração da LIPOR), José Melo Bandeira (Country Manager da VEOLIA), Luísa Magalhães (Diretora Executiva da ASWP – Smart Waste Portugal)

Com a publicação, em dezembro de 2015, do Plano de Ação Europeu para a Economia Circular, bem como o recente Pacto Ecológico Europeu, tornou-se urgente o desenvolvimento de políticas públicas visando a agilização da transição para uma Economia em que o valor dos produtos, materiais e recursos se mantenha na economia o máximo tempo possível, a extração dos recursos seja mais reduzida, e a produção de resíduos se reduza ao mínimo possibilitando o desenvolvimento de uma economia sustentável, hipocarbónica, eficiente em termos de recursos, resiliente e competitiva.
Para nos ajudar a perceber o papel da engenharia e os desafios e oportunidades que têm vindo a ser apresentados face à necessidade de implementação dessas mesmas políticas públicas para a economia circular teremos as perspetivas complementares de 3 engenheiros, um ligado ao setor público, outro ao setor privado e o terceiro a uma associação empresarial.

Hidrogénio: um bom vetor energético ou apenas uma excelente matéria prima ?

21 de Junho de 2021
Organização e moderação: Adélio Mendes
Oradores: Fernando Vaz (COO da Efacec), Óscar Arantes (Diretor de Ambiente e Energia da Navigator)

O Governo Português decidiu apostar na fileira do hidrogénio, inscrevendo o projeto designado de “projeto de Sines” no Plano Nacional Energia e Clima 2030. Mais tarde, decidiu apoiar aquilo que designou como “projeto âncora em Sines”.
A política do hidrogénio “tem múltiplos (projetos), autónomos e complementares” do “projeto âncora em Sines”, tendo sido já identificados outros potencias participantes, disse João Pedro Matos Fernandes, salientando que não há ainda qualquer decisão final. [Observador, 2021/01/28]
​Qual a racionalidade técnico-científica destas escolhas ? O hidrogénio é um bom vetor energético ou apenas uma excelente matéria prima ? Nesta sessão procuraremos identificar a melhor estratégia de políticas públicas para o hidrogénio em Portugal, de forma a alavancar o desenvolvimento socio-económico do país, e responder a questões de engenharia como: onde devemos produzir o hidrogénio? O que devemos produzir usando o hidrogénio como matéria prima? Todos os biocombustíveis são ambientalmente sustentáveis ?

A Engenharia e as Políticas Públicas nos financiamentos europeus para o ID&I

14 de Junho de 2021
Organização e moderação: Eduardo Maldonado
Oradores: Vasco Lagarto (Coordenador do Cluster TICE), Anabela Carvalho (Delegada Nacional ao Horizonte Europa), Goreti Sales (Professora da FCTUC)

Ao contrário dos financiamentos nacionais ao ID&I, que seguem normalmente uma política “bottom-up”, os financiamentos europeus têm uma forte componente de alinhamento com as Políticas Públicas da União, quer se trate de fundos de gestão centralizada pela Comissão Europeia (e.g., Horizonte Europa), quer de fundos de gestão nacional (Fundos Estruturais e PRR). No presente, as principais políticas com impacto no ID&I europeu são a Transição Digital, a Transição Verde (o “Green Deal”, para minimizar as Alterações Climáticas), e, claro, a Saúde.
Embora os fundos geridos diretamente por Bruxelas também tenham uma importante componente “bottom-up” (o pilar I do Horizonte Europa, com o ERC e as bolsas Marie Curie como exemplos mais conhecidos), todos os demais obedecem a uma lógica de alinhamento direto com essas principais políticas europeias. Os Fundos Estruturais e o PRR, de gestão nacional, obedecem também aos mesmos princípios, sendo obrigados a dedicar uma percentagem muito significativa a cada uma dessas mesmas três políticas.
A Engenharia tem um significativo papel a desempenhar na Investigação e a Inovação nestes três grandes eixos das políticas públicas europeias. Este painel vai abordar as possibilidades e perspetivas para a Engenharia nestas três grandes áreas, em que as verbas disponíveis para o próximo período de financiamento europeu são as maiores de sempre (cerca de 100 mil M€ no Horizonte Europa e 30 mil M€ entre PRR e PT2030), dando indicações aos engenheiros e aos investigadores sobre como alinhar os seus projetos para contribuir para os objetivos identificados.

A Engenharia nas estratégias de desenvolvimento territorial: o caso do Metro do Porto

7 de Junho de 2021
Organização e moderação: Paulo Pinho
Oradores: Tiago Braga (Presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto), Ana Paula Gonçalves (Diretora do Gabinete de Ambiente, Segurança e Qualidade), Paulo Sá (Diretor do Gabinete de Apoio ao Cliente)

A sessão irá organizar-se em torno de um caso de reconhecido sucesso – o Metro do Porto – procurando explorar os diversos ângulos em que engenharia e o conhecimento científico estiveram presentes e contribuíram, de modo decisivo, para a formulação das políticas públicas, que estiveram na base da escolha dos traçados e do modelo de exploração deste sistema estruturante de transportes.
Em particular, será abordado o complexo equilíbrio, político e técnico, entre a visão global metropolitana e as visões municipais, raramente coincidentes, bem como o modo como as conflitualidades de natureza ambiental e social têm, na prática, sido chamadas a desenhar as soluções no terreno.

Engenharia e Políticas Públicas e a Inovação na Indústria

31 de Maio de 2021
Organização e moderação: Alcibíades Paulo Guedes
Oradores: Fernando Sousa (Vice-Presidente da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e afins de Portugal), Raul Magalhães (Presidente da Direção da APLOG – Associação Portuguesa de Logística), Ricardo Conde (CEO da Portugal Space – Agência Espacial Portuguesa)

É relativamente consensual a convicção de que a única via para Portugal ultrapassar o seu défice competitivo é apostar na inovação e na internacionalização, tendo a engenharia e a tecnologia um papel de relevo nesse desiderato.
A inovação de base tecnológica vem sendo cada vez mais reconhecida pela sociedade em geral e pelos governantes como um vetor de desenvolvimento fundamental do País. Desta forma, têm sido adotadas um conjunto de políticas públicas que pretendem acelerar os processos de inovação e a reforçar a capacidade de intervenção dos vários stakeholders.
Para debatermos a pertinência destas políticas, entendeu-se que seria útil trazer 3 perspetivas:
1) aquela de uma indústria/setor maduro, tal com a Metalomecânica, que tem alcançado ganhos sucessivos de competitividade e é, hoje, o maior setor exportador do País;
2) aquela de uma indústria/setor imergente, tal como o Sector do Espaço, que está a despontar e tem sido foco de apoios públicos mais recentemente; e
3) aquela de uma indústria/setor transversal ao desenvolvimento do País e da competitividade das empresas, tal como a Logística, que se tem vindo a desenvolver-se significativamente e coloca o Portugal no grupo dos países “logistics-friendly”.

Engenharia e Políticas Públicas na Saúde

24 de Maio de 2021
Organização e moderação: Pedro Guedes de Oliveira
Oradores: Henrique Barros (Presidente do Conselho Nacional de Saúde, Professor da FMUP e Investigador ISPUP), Óscar Felgueiras (membro da equipa COVID19 da ARS Norte, Professor da FCUP), João Paulo Cunha (Professor da FEUP e Investigador INESC-TEC)

Quando referimos Engenharia e Políticas Públicas na Saúde, o termo “engenharia” é assumido no seu sentido mais amplo da “arte” de usar ciência e tecnologia para resolver problemas concretos, pelo que, na realidade, estamos mais a falar de CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na saúde.
Há variadíssimos aspetos em que estas áreas confluem, mas no último ano e meio a Covid19 tornou muito óbvio que a avaliação do risco, os modelos preditivos, a importância dos dados e da monitorização em situações em que, frequentemente, as consequências da ação só se fazem sentir em prazos mais ou menos dilatados, suscita interrogações, um interesse permanente e uma particular atenção, porque está em jogo, para cada um de nós, a saúde, quando não, a sobrevivência.
Mas o âmbito desta relação excede largamente a pandemia com que estamos confrontados: as questões climáticas e ambientais, os níveis de segurança necessários para a introdução tecnológica e a relação risco/benefício; a proteção dos direitos e garantias vs. as responsabilidades sociais, nomeadamente as questões associadas à proteção de dados, são algumas das questões que se colocam, hoje, com grande pertinência.
Para nos ajudar a olhar para algumas destas questões, teremos as perspetivas complementares de um matemático especialista em estatística e modelação matemática, nomeadamente na área das doenças infecciosas, de um médico especialista em saúde pública e epidemiologia e de um engenheiro biomédico especialista em biossensores, processamento de biossinais e imagem médica.

Energias renováveis e desenvolvimento económico

17 de Maio de 2021
Organização e moderação: João Peças Lopes
Oradores: António Sá da Costa (Presidente da European Renewable Energy Federation, Presidente da Assembleia Geral da APREN), Carlos Pimenta (Membro de Conselho de Administração da NovEnergia Sicar), Júlia Seixas (Professora da NOVA School of Science & Technology)

A descarbonização da economia far-se-á com recurso à utilização de energias renováveis que substituirão progressivamente os combustíveis fósseis em vários setores da economia. Portugal comprometeu-se internacionalmente, em 2016, no âmbito do Acordo de Paris, com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050. Tal implica um esforço significativo relativamente ao aumento da eficiência energética, o reforço da apostas nas energias renováveis e a promoção da mobilidade sustentável.
Esta mudança implicará também um aumento da eletrificação da economia, desde que suportada por uma produção de eletricidade a partir de fontes renováveis.
Esta mudanças trazem consigo grandes desafios e oportunidades, permitindo consubstanciar políticas de endogeneização tecnológica que conduzem ao desenvolvimento de cadeias de valor com potencial para criação de emprego altamente qualificado e geração de exportações industriais e serviços.
O cluster industrial eólico lançado em 2005-2007 com a energia eólica pode agora ser replicado nas tecnologias de armazenamento (baterias e hidrogenio), na gestão avançada das redes elétricas e até na mobilidade sustentável, podendo contar com o capital de conhecimento e potência instalada que existe no sistema científico e tecnológico para dar suporte a esta política.

Capacitação de capital humano na transformação digital

10 de Maio de 2021
Organização e moderação: José Manuel Mendonça
Oradores: Célia Reis (CEO da Altran Portugal), Pedro Dominguinhos (Presidente do IPS e do CCISP), Rafael Campos Pereira (Vice-Presidente Executivo da AIMMAP)

A transformação digital comporta enormes oportunidades, mas também grandes desafios, no curto e médio-longo prazo.
Sabemos hoje que a plena concretização do potencial da transformação digital do tecido económico e social exige muito mais do que uma perspetiva exclusivamente tecnológica, sendo em qualquer caso a formação e qualificação dos recursos humanos um pressuposto de partida incontornável. As políticas públicas devem portanto ser informadas e refletir a importância e, ao mesmo tempo, a elevada complexidade inerente aos processos de capacitação de recursos humanos nas áreas do digital.
As necessidades de digitalização são efetivamente transversais aos diferentes setores da indústria e dos serviços, ainda que as particularidades de cada um, bem como das diferentes funções nas empresas e organizações, tenham de ser levadas em conta. Particular atenção deverá ser dedicada aos aspetos específicos das tecnologias digitais – mudança rápida e obsolescência, aceleração dos processos, intangibilidade, volumes massivos de dados e informação, e privacidade e segurança da informação, entre outros – e ainda aos aspetos organizacionais, comportamentais e jurídicos dos processos de implementação.
Os convidados para o Painel trazem para o debate competências e experiências únicas, seja na oferta formativa, seja nas necessidades das empresas a diferentes níveis, bem como a visão internacional dos mercados de oferta e procura de competências digitais.

 A Engenharia e a criação de Valor para a sociedade

3 de Maio de 2021
Organização e moderação: Álvaro Costa
Oradores: Ricardo Pereira Alves (ex-Presidente da Câmara Municipal de Arganil), Patrícia Baptista (Investigadora Principal, IN+, Instituto Superior Técnico), Paulo Magalhães (Common Home of Humanity)

A criação de Valor em termos sociais de uma determinada obra ou produto de engenharia está dependente da gestão que a sociedade faz do que é criado, sendo por isso importante que o engenheiro tenha conhecimento antecipado da política de gestão para propor a solução.
Acresce, que o Valor não é uma característica do produto, como a forma, a cor, o material constituinte ou a sua massa, mas é uma percepção de um indivíduo ou duma comunidade. E a percepção de Valor é diferente de pessoa para pessoa, conforme o contexto social, e mesmo um determinado indivíduo pode ter uma percepção diferente do valor criado por um produto conforme o momento no tempo em que o tem de avaliar. Estes aspectos têm de ser integrados na profissão do engenheiro, o que implica que a atividade da engenharia tem de ser contextualizada no espaço e no tempo.