Na China aguarda-se com grande expectativa a inauguração da linha ferroviária mais alta do mundo. Durante este último mês, milhares de pessoas têm-se dirigido para a província de Qinghai e para o Tibete para presenciarem o primeiro teste integral e o início das viagens de teste.

Ligando Golmud, no noroeste da China a Lhasa, a capital do Tibete, este caminho-de-ferro percorre cerca de 1142 quilómetros , sendo que uma grande parte é percorrida a uma altitude superior a 960 metros . Ao longo deste percurso, existem 45 estações que oferecem aos viajantes cenários incríveis. A sua arquitectura é marcada por uma forte presença do estilo tradicional Chinês, que coexiste com a aplicação de novos métodos e conceitos construtivos.

A estação mais alta de todo o percurso está 5068 metros acima do nível médio das águas do mar. Situada na base do Monte Tanggula, espera-se que seja a maior atracção turística de toda a linha Qinghai-Tibete.

O caminho-de-ferro mais alto do mundo percorre locais que são caracterizados pela escassez de oxigénio, existência de gelo, fortes incidências de radiação ultravioleta e alterações constantes das condições atmosféricas. A violência das condições geográficas e climatéricas existentes sobre o traçado exige dos comboios que lá circulam características especiais, nunca antes aplicadas.

Assim, os veículos serão capazes de manter o nível normal de oxigénio, de temperatura e de pressão para que os passageiros possam ter uma viagem sem qualquer tipo de problema, à medida que, no exterior, as condições piorem devido à altura. A falta de oxigénio é a maior ameaça para os passageiros que utilizem esta linha. Quase todas as secções das carruagens estão equipadas com algumas condições idênticas às dos aviões. Existem dois sistemas de fornecimento de oxigénio:

• Um sistema geral de fornecimento, que mistura oxigénio ao ar interior, através do ar condicionado, mantendo constantes os níveis de oxigénio;
• Um sistema individual de fornecimento através de inaladores.

Se os passageiros necessitarem de oxigénio podem recorrer a este segundo sistema para evitar enjoos devidos à altitude. Durante o período de testes, as composições contarão com a presença de médicos que auxiliarão os passageiros e supervisionarão os efeitos da altitude nos mesmos.

Os comboios fabricados propositadamente para a linha férrea saíram dos estaleiros da empresa - CSR Sifang Locomotive and Rolling Stock Co., Ltd -, no dia 13 de Junho. Estão decorados com os padrões típicos da cultura e arte Tibetana. Cores como o amarelo e o vermelho tibetano são frequentemente utilizadas para ilustrar traços fisionómicos regionais. Após um período experimental, as 169 composições estarão aptas para dar início à circulação no dia 1 de Julho, aquando da inauguração formal da linha.

O primeiro teste integral decorreu no dia 20 de Junho.  

(Texto) Pedro Mêda
(Imagens) DR